O domingo da festa de lançamento da pedra fundamental da escola amanheceu não com a calma silenciosa da casa da Vitória, mas com a feliz e barulhenta desordem da casa de Lúcia. Eles haviam decidido passar a noite ali, em Candeias, para estarem no coração do evento desde o primeiro momento. Dante acordou no pequeno quarto de hóspedes com o som de Lúcia cantando na cozinha e o cheiro de acarajé começando a fritar, mesmo às sete da manhã.
Ele desceu e encontrou a casa em um estado de alegre pandemônio. Ricardo estava no quintal, tentando montar um pequeno palco de madeira. Lúcia comandava a cozinha como uma generala, orquestrando panelas gigantes de vatapá e caruru. E Helena, com Léo em um quadril e um telefone no outro, tentava confirmar a entrega das mesas enquanto impedia seu filho de mergulhar a mão em uma tigela de vinagrete.
Dante parou na porta, observando a cena. Meses atrás, aquele nível de caos familiar o teria deixado tenso, um intruso em um mundo cujas regras ele não entendia