Dois anos depois.
O tempo, que antes fora um inimigo, um adversário a ser vencido, tornara-se um rio tranquilo, cujas margens eram preenchidas com uma vida rica e texturizada. A guerra com Arthur Alencar se transformara em uma paz fria e distante; ele, uma figura reclusa em seu império diminuído, ela e Dante, os arquitetos de um novo mundo.
Esse mundo tinha seu epicentro no cheiro de terra molhada e argila fresca da Escola de Escultura de Candeias.
O prédio, exatamente como Helena o sonhara, não era uma construção, mas um organismo vivo. Suas paredes curvas de taipa pareciam ter crescido do próprio solo baiano, e as imensas janelas de vidro convidavam a luz dourada e a vegetação luxuriante para dentro, misturando a arte com a natureza. O lugar não era silencioso. Vibrava com a energia de vinte crianças, com o som de risadas, de ferramentas de madeira batendo na argila e da voz calma e encorajadora de Helena.
Ela se movia entre as pequenas mesas, a barriga de sete meses de sua segunda