A viagem de volta do hospital para a casa na Vitória foi a mais silenciosa e mais barulhenta que já fizeram. Nenhum dos dois ousava falar, com medo de quebrar o feitiço. O único som era a respiração suave e frágil vinda da cadeirinha de bebê no banco de trás, um som que, para eles, continha todo o universo. Dante dirigia com uma lentidão e um cuidado que fariam os motoristas de Salvador buzinarem em fúria, mas que para Helena, era a mais bela das declarações de amor.
Cruzar a soleira de sua própria casa foi um momento surreal. O lugar que eles haviam projetado, mobiliado e transformado em um lar, agora tinha seu centro, seu propósito, aninhado nos braços de Helena. Dante fechou a porta atrás deles, e o mundo barulhento, com seus impérios e suas galerias de arte, ficou do lado de fora. Ali dentro, havia apenas eles. Uma família.
A primeira parada foi o quarto que haviam preparado com tanto esmero. Ao colocarem o pequeno Leonardo — Léo — em seu berço pela primeira vez, o quarto pareceu