Os dias que se seguiram à confissão de Dante se assentaram em um ritmo que Helena nunca ousara sonhar. A guerra não desaparecera — ela a ouvia na voz de aço de Dante durante as chamadas de vídeo com São Paulo —, mas a oficina se tornara uma zona desmilitarizada, um santuário onde as únicas batalhas travadas eram entre a artista e a pedra.
A presença de Dante transformou-se de uma tempestade em uma corrente constante. Ele aprendeu a antecipar as necessidades dela: a ferramenta que ela procuraria a seguir, o momento em que a luz mudaria e exigiria um ajuste nos refletores, a hora exata em que a exaustão a faria esquecer de beber água. Ele se tornou uma parte orgânica de seu processo criativo, uma testemunha silenciosa e um apoio inabalável.
Por sua vez, Helena testemunhava a transformação dele. Em uma tarde, ela o ouviu em uma negociação particularmente hostil. Um concorrente, provavelmente incitado por Arthur, estava tentando roubar um contrato de construção vital. O Dante de antes ter