O feixe de luz do holofote era quente no rosto de Helena, mas por dentro, ela sentia uma calma fria e absoluta. O barulho do salão de baile, o tilintar de taças, os sussurros, tudo se desvaneceu em um zumbido distante. Havia apenas ela, o microfone e o mar de rostos anônimos que a encaravam com uma curiosidade polida. E, em meio àquele mar, havia a ilha de Dante, seus olhos eram o único farol de que ela precisava.
Ela respirou fundo, o som enchendo o silêncio.
— Boa noite. Meu nome é Helena Santos. E eu quero lhes contar uma história — sua voz, desprovida de qualquer tremor, ressoou clara e firme. — Uma história sobre pedra.
Um murmúrio de curiosidade percorreu a plateia. Não era o começo de discurso que esperavam.
— Todo escultor sabe que cada bloco de mármore tem uma alma, uma história. Há alguns meses, eu me deparei com um bloco que parecia perfeito. Branco, puro, sem uma única falha visível na superfície. Era o tipo de pedra que promete uma obra-prima fácil. Mas, ao começar a trab