36. Caindo Na Própria Armadilha
“Ettore Bianchi”
O quarto parece encolher conforme as horas passam. Lá fora, a neve cai implacável, transformando Zurique em uma cidade fantasma coberta de branco.
— Ettore — Liz me chama, fechando a revista que folheava distraidamente. Quando me viro para encará-la, ela continua: — O que faremos agora que a feira foi cancelada?
A encaro por um momento, avaliando as opções, mas ao olhar para ela assim, tão à vontade, minhas ideias não são as melhores. Que porra de tentação é essa?
— Podemos aproveitar o tempo para aprimorar a apresentação — sugiro, afastando os maus pensamentos.
Liz solta uma risada breve, sem humor.
— Claro, porque já não bastasse estar presa em um quarto, ainda precisamos continuar focados no trabalho — ironiza, levantando-se da poltrona em um movimento lento. — Sabe o que eu realmente quero agora?
— Me surpreenda.
— Um vinho para me aquecer — responde, caminhando até o minibar no canto da suíte.
Observo-a abrir uma garrafa de vinho tinto, servindo o líquid