Acordei com a luz do sol se infiltrando pelas frestas da cortina, pintando meu quarto com listras douradas. Pela primeira vez em dias, Bento não resolveu fazer uma maratona olímpica sobre meu estômago às seis da manhã, o que me fez suspeitar que algo definitivamente estava errado.
Ou muito certo. Mas com o histórico dele, era mais seguro suspeitar do pior.
Me espreguicei devagar, sentindo os músculos reclamarem, e só então peguei o celular no criado-mudo. Duas notificações novas.
Pedro: Bom dia. Tenho um convite para nós dois. E antes que reclame, não dá pra recusar.
Pedro: Te pego às 10h. E leva o Bento. Sim, é sério.
Pisquei algumas vezes, processando.
Levar o Bento?
— Ah, claro, por que não? — resmunguei, ainda meio grogue. — Quer me fazer passar vergonha em três níveis diferentes hoje?
Como se tivesse ouvido o próprio nome, e sabendo que era o centro da atenção, Bento apareceu na porta do quarto, com aquele olhar superior de quem governa meu apartamento com patas de veludo. Ele p