“Uma mentira contada com convicção pode até parecer verdade, mas é nos detalhes que ela vacila.”
A primeira coisa que ouvi naquela manhã de sábado não foi o miado do Bento, nem o som irritante do despertador que sempre ignoro. Foi a campainha.
Toque longo. Insistente. Desesperado.
Estava enrolada no sofá da sala, ainda de pijama, com Bento esparramado sobre minhas pernas e um episódio antigo de uma série qualquer rodando pela terceira vez. A sexta-feira tinha sido exaustiva e eu havia prometido a mim mesma que o sábado seria dedicado ao descanso absoluto.
Mal sabia o quanto estava errada.
Me levantei com dificuldade, tropeçando em uma almofada caída e empurrando Bento para o lado, ele claramente não aprovou. Ainda coçando os olhos, abri a porta.
E me deparei com a visão mais caótica possível para uma manhã preguiçosa:
— Filha! — minha mãe exclamou, sorrindo como se eu estivesse em um desfile de boas-vindas.
Atrás dela, meu pai sorria com um aceno e… duas sacolas enormes na mão.
— Oi,