Com as crianças já alimentadas, limpas e aquecidas, o hospital parecia respirar um pouco mais leve. Ainda assim, Alessandro sabia que aquela paz era apenas aparente. Era hora de colher informações — e nada poderia ser feito sem ouvir as próprias vítimas.
Ele chamou Fábio e Dante para a sala reservada que o hospital havia cedido. Alguns adolescentes foram reunidos ali, acompanhados de psicólogos e assistentes sociais, para garantir que não se sentissem pressionados. Alessandro, como sempre, manteve sua postura calma e firme, transmitindo segurança.
— Quero que saibam de uma coisa — ele começou, olhando cada um nos olhos. — Vocês estão seguros. Ninguém vai machucar vocês. E tudo o que disserem aqui vai nos ajudar a impedir que isso aconteça com outras crianças.
Os adolescentes se entreolharam. Um rapaz de cerca de quinze anos foi o primeiro a falar, a voz ainda trêmula, mas decidida.
— Eles nos pegaram de formas diferentes. Alguns estavam voltando da escola… outros foram enganados c