Parte 101
Aurora
A luz do quarto estava suave, dourada, como se até ela soubesse que o dia tinha sido pesado demais e que eu precisava de uma boa noite pra me recuperar. Me troquei em silêncio, de costas para ele, ouvindo o som da água pingando da torneira do banheiro e os passos lentos dele sobre o piso de madeira.
— Você está cansada - ele disse atrás de mim, a voz baixa, rouca de sono ou de tudo que ficou preso na garganta durante o dia.
— Estou mesmo – me virei devagar, com a camiseta dele pendurada no corpo. — Mas acho que meu coração está mais cansado que o resto. Foi muita coisa, meu Deus!
Ele parou diante de mim, estudando meu rosto como se quisesse decorar cada detalhe antes de apagar a luz. Me tocou com as pontas dos dedos na cintura, quase sem peso, bem de leve e depois subiu devagar pelas minhas costas até entrelaçar os braços ao meu redor.
— Você foi forte hoje - murmurou perto do meu ouvido. — Mais forte do que qualquer um esperava. Adoro esse seu jeito de me surpreender