Parte 46...
Domenico
Ela assentiu com um movimento quase imperceptível, os olhos marejados, a pele fria. Quando ergui a blusa devagar, senti o mundo desabar debaixo dos meus pés.
A pele dela estava marcada com crueldade. Vergões vermelhos e roxos serpenteavam pelas costelas, pela lateral da barriga. Uma linha mais funda, aberta pela fivela, ainda sangrava devagar. Respirei fundo. Me controlei. Mas por dentro, eu já estava em chamas.
— Filho da puta... - murmurei, quase num sussurro.
Ela não respondeu. Apenas fechou os olhos enquanto eu a ajudava a tirar o resto da roupa com cuidado, como se cada peça fosse feita de vidro, que furava a carne dela.
Quando vi o hematoma na lateral do rosto, o corte ainda fresco na testa, precisei virar o rosto por um segundo para não socar a parede. Mas ela me puxou de volta com um olhar. Um olhar que dizia "não me abandone agora."
— Está tudo bem - menti, puxando o ar com força pelo nariz. — Eu estou aqui.
Liguei o chuveiro. Esperei a água esquentar e