O sábado avançava sem pressa pela cobertura envidraçada. Do lado de fora, Londres oscilava entre um céu de chumbo e feixes de luz que atravessavam a cidade como promessas. Mas ali dentro, no refúgio silencioso de Arthur, o tempo parecia suspenso.
Helena estava sentada no sofá, as pernas cruzadas, uma caneca de chá entre as mãos. O cheiro era de camomila, mas o gosto — ela mal sentia. Desde a hora em que acordara ao lado dele, envolta no calor de lençóis caros e do perfume dele impregnado no travesseiro, tudo parecia ligeiramente desfocado. Como se o mundo ao redor tivesse perdido contorno.
Arthur tinha saído para atender uma ligação e agora voltava, descalço, com o celular ainda na mão, franzindo o cenho.
— Preciso resolver um detalhe com o time de Paris — disse, parando à frente dela. — Mas vai levar só alguns minutos.
— Claro — respondeu, num tom quase calmo.
Ele hesitou antes de se afastar. Mas não disse mais nada.
Helena observou a silhueta dele desaparecer por uma das portas late