Selena não lembrava quando foi a última vez que dormiu uma noite inteira. O cansaço era um pano úmido que cobria seus ombros, mas mesmo assim, ela não parava. Todos os dias ajudava a reconstruir as casas, cuidava das crianças, ensinava os mais velhos a preparar as ervas, mas por dentro… ela era só escombro.
Naquela manhã, porém, algo quebrou a rotina.
A Anciã a esperava sentada em silêncio diante do templo. Como se soubesse que ela viria, como se os caminhos se curvassem ao destino.
— Você está morrendo em pedaços tão pequenos que ninguém nota — disse a velha, sem rodeios.
Selena nem tentou negar. Apenas sentou-se ao lado dela, os olhos fixos no chão.
— Eu não consigo mais... sentir — murmurou. — Tudo virou entulho aqui dentro.
A Anciã tocou seu rosto com a delicadeza de quem já viu muitas guerras.
— Você sente sim. Está apenas tentando não sentir. — E com um suspiro rouco, completou: — E está perdendo.
Selena fechou os olhos. O rosto de Darian surgia nítido na escuridão das pálpebras