“Minha companheira está a caminho. O que houve entre nós foi só desejo. Talvez um engano.”
As palavras ecoavam em Selena como um feitiço cruel, reescrevendo tudo o que ela acreditava ser amor. Ela já havia decorado cada linha. Já havia lido a carta tantas vezes que poderia recitá-la até de olhos fechados — mas não precisava. Ela sentia cada palavra, queimando em sua pele como brasas apagadas tarde demais.
Agora, mesmo sem lágrimas, o corpo pesava.
A alma… arrastava-se.
As mãos dela pousaram sobre o batente da janela. O vilarejo seguia vivo lá fora — vozes, martelos, sementes sendo lançadas à terra. Mas dentro dela tudo murchava. Selena se sentia uma estranha em meio ao que ajudou a construir.
Ele não veio.
E ela não foi.
E esse silêncio mútuo... dizia tudo.
"Se ele tivesse me amado, teria vindo."
"Se ela ainda sentisse algo, teria me procurado."
Duas certezas criadas pelo orgulho, nutridas pela mágoa.
No outro lado da aldeia, Darian estava em ruínas, mas só por dentro. Por fora, era o