Na manhã do oitavo dia, o vilarejo parecia diferente.
O mesmo vento soprava pelas janelas, o mesmo cheiro de lenha e terra molhada flutuava no ar — mas havia algo novo.
Um murmúrio baixo, como se a própria terra sussurrasse um presságio antigo aos pés de quem ousava ouvi-la.
Darian despertou cedo. Dormira ao lado de Selena, os corpos entrelaçados como raízes se reconhecendo no solo depois de uma longa seca.
Por alguns minutos, ele apenas a observou — a respiração calma, os traços serenos. Pela primeira vez, ela parecia leve.
No espelho rudimentar preso à parede, viu o reflexo das próprias cicatrizes.
Ainda estavam lá.
Mas já não gritavam.
Vestiu-se em silêncio, calçou as botas e desceu os degraus de pedra como alguém que, enfim, lembrava quem era.
Lá fora, Mayra o esperava junto a uma fogueira apagada.
— Dormiu bem? — perguntou ela, enquanto recolhia algumas ervas secas.
— Pela primeira vez em muito tempo — respondeu ele, com a voz grave, porém tranquila.
— O po