Já fazia dois dias desde que Selena chegara ao vilarejo escondido entre as montanhas.
As paredes simples da casa de pedra e madeira onde agora descansava não carregavam luxo algum — mas ali, pela primeira vez em semanas, ela dormira sem correntes nos pulsos. Sem medo do escuro. Sem a voz de Theron ecoando em sua mente.
Mayra se tornara um porto seguro. Sempre atenta, sempre gentil. Cuidava de Selena como se cuidasse de uma filha que esperara por tempo demais.
Naquela manhã, o aroma de chá de raízes e pão recém-assado preencheu o ar.
Selena ainda estava na cama quando Mayra entrou, trazendo uma bandeja com frutas, mel e um caldo quente.
— Dormiu bem? — perguntou, com o tom sereno de quem conhece o peso do silêncio.
— Melhor do que nas últimas noites — respondeu Selena, sentando devagar. Os cabelos soltos caíam pelos ombros. Os olhos azuis, ainda marcados pela saudade, já não carregavam o vazio da cela.
Mayra se sentou na cadeira de palha ao lado da janela.
— Você está co