Carolina segurava uma pequena caixa, presente que a avó havia tirado de seu baú particular.
— Isso foi deixado pela sua mãe. Para falar a verdade, foi um presente do seu pai para ela. Já se passaram mais de vinte anos. — A voz da avó tremia.
Perder o marido e a filha cedo fora a maior dor de sua vida. Sempre que tocava nesse assunto, as palavras vinham embargadas.
A caixinha parecia pesar mais do que seu tamanho permitia, comprimindo a palma da mão de Carolina. Estranhamente, ela não teve coragem de abri-la.
Foi a avó quem insistiu, com suavidade:
— Dá uma olhada.
Mas, ao notar a expressão entristecida da avó, Carolina fechou as mãos sobre a caixa.
— Vó, acho que não quero mais saber.
A avó sorriu de leve.
— Boba… Quem é que não quer saber a própria origem? Quando você era pequena, chorava toda vez que eu me recusava a contar. Eu estou bem, já aceitei muitas coisas nessa vida. E, de qualquer forma, isso precisa ser seu. Preciso te explicar, não posso levar esse segredo para o túmulo.
—