Christian Müller –
O quarto estava silencioso, iluminado apenas pela luz suave de uma luminária no canto. O som do monitor cardíaco e da respiração tranquila de Laura eram quase um mantra para o caos que ainda fervilhava dentro de mim.
Entrei devagar, como se pudesse quebrar o pouco de paz que havia ali. Assim que atravessei a porta, ouvi um choramingo fino e baixo vindo do berço ao lado da cama.
Minha filha.
Dei alguns passos até ela, o coração acelerando ao vê-la tão pequena, tão perfeita, mesmo em meio a tanto tumulto.
Seus bracinhos se agitavam, o rostinho vermelho pelo choro. Ela precisava de colo, de conforto. De mim.
Peguei-a nos braços com todo o cuidado do mundo, como se fosse feita de vidro. Ela se aninhou contra o meu peito num movimento instintivo e aos poucos o choro foi diminuindo.
— Você é tão linda... — murmurei, emocionado, admirando os traços delicados que começavam a se formar. Havia algo da Laura nela — o formato do queixo, o nariz pequeno — mas também vi um pouco