Christian Müller –
O dia amanheceu estranho.
Pesado.
Era como se o céu soubesse que algo importante estava para acontecer.
Vesti o terno escuro, ajeitei a gravata com a mão trêmula. Esse era um detalhe que só eu mesmo percebi.
Desci as escadas.
Laura já me esperava, sentada no sofá da sala, com um vestido preto sóbrio e o cabelo preso num coque baixo.
Amanda e Dominic estavam à porta. Amanda, com a expressão fechada, segura como sempre, mas com um brilho amargo nos olhos. Dominic, ao lado dela, parecia pronto para segurar o mundo se fosse preciso.
— Vamos? — perguntei, mesmo sabendo que ninguém ali tinha escolha.
O caminho até o tribunal foi silencioso. Cada um mergulhado nos próprios pensamentos.
No banco de trás, Laura segurava minha mão.
O toque dela era a âncora que eu precisava.
Ao chegarmos, o prédio parecia ainda mais frio do que eu lembrava.
As paredes cinzentas, as portas pesadas, o cheiro de papel velho e café frio impregnando o ambiente.
Passamos pela segurança e fomos cond