Christian Müller -
Chegamos em casa ainda com o gosto amargo da última ligação.
O silêncio da sala me abraçou como um aviso.
Nathan dormia no sofá com um dos brinquedos ainda nas mãos e Laura estava sentada na poltrona, com os olhos fixos em mim como se pudesse ler minha alma de longe.
Fui até ela em silêncio.
Inclinei o rosto e depositei um beijo demorado em sua testa, sentindo o calor da pele dela contra os meus lábios. Fiz menção de me afastar, mas ela segurou minha mão.
— Aonde você vai? — A voz dela veio baixa, quase em um sussurro, mas cheia de tudo o que ela não estava dizendo.
Voltei, olhei nos olhos dela e mais uma vez deixei um beijo em sua testa.
— Preciso que confie em mim. Eu voltarei para você.
Ela assentiu devagar, mas seus olhos diziam o contrário.
Havia tristeza, medo, e algo que me cortou por dentro: a angústia de quem já perdeu demais.
Eu a soltei com cuidado, e mesmo sem palavras, sabia que ela estava implorando pra que eu não fosse. Mas eu tinha que ir. Por ela. P