O hospital parecia maior do que qualquer outro lugar em que já estive. Os corredores brancos e o cheiro forte de álcool me sufocava enquanto eu esperava saber se meu pai ficaria bem. Eu estava sentada ao lado dele, observando seu peito subir e descer de forma irregular, vendo cada respiração parecer um esforço imenso. O médico havia sido claro: o coração dele estava debilitado e precisaria ficar internado sob cuidados intensivos. Meu coração estava em frangalhos. — Pai, eu prometi cuidar do senhor e vou cumprir. — sussurrei, minha voz embargada pelo choro contido. O médico se aproximou e antes que ele falasse alguma coisa, eu falei primeiro. — Eu quero a melhor equipe para cuidar dele. — Minha voz soou firme, mesmo que por dentro eu estivesse desmoronando. O médico assentiu e saiu para providenciar os exames necessários. Eu me permiti encostar a cabeça na cama do hospital, deixando algumas lágrimas escorrerem. O som dos passos de Christian ecoou no quarto silencioso. Senti s
Laura Stevens –Ao ouvir aquelas palavras, Linda tentou me empurrar, mas minha paciência já estava esgotada. Sem hesitar, minha mão voou novamente, acertando seu rosto com ainda mais força.O estalo do tapa ecoou pelo corredor.Dessa vez, ela cambaleou para trás, segurando a bochecha vermelha, os olhos arregalados de choque.— Você perdeu o juízo?! — Ela gritou, deixando sua voz transbordando de ódio.Eu avancei, empurrando-a contra a parede. Meu rosto estava a poucos centímetros do dela. Meu coração martelava dentro do peito e a raiva queimava no meu sangue.— Perdi o juízo no instante em que você ousou tocar no que é meu! — Minha voz saiu baixa, perigosa. — Você passou a vida inteira tentando roubar o que nunca te pertenceu e agora, acha que é a certa por aqui?Ela bufou, tentando se livrar do meu aperto, mas eu não deixei e então, continuei a falar.— Primeiro foi Henri. Depois, você se jogou para cima do Christian. E quando não conseguiu nenhum dos dois, tentou Arthur. — Rosnei, a
Christian Müller –A luz fraca da manhã se filtrava pelas frestas da cortina, e por um breve momento, tudo parecia em paz.Nathan dormia ao meu lado, encolhido, com o rostinho sereno e os cílios longos roçando a minha bochecha. Passei a mão devagar pelos cabelos dele, sentindo o peito aquecer com aquele simples gesto.Laura estava no hospital, cuidando do pai dela… e eu fiquei com o nosso pequeno.Ela não pediu, mas eu sabia o quanto aquilo significava para ela. E por Nathan, eu faria qualquer coisa. Por ela… eu já estou fazendo.Fechei os olhos por um instante, tentando aproveitar o silêncio, até uma batida firme ecoar na porta do quarto.Suspirei, com a sensação de que a calmaria estava prestes a acabar.— Entra — murmurei, já me erguendo com cuidado para não acordar Nathan.Era Mark, e pela expressão séria dele, o que quer que fosse, não era bom.— Christian... temos novidades. — A voz dele era baixa, mas carregada de urgência.Revirei os olhos, já prevendo o que viria.Peguei meu
Christian Müller –A voz firme e cortante veio da porta, e nós dois nos viramos ao mesmo tempo.Laura estava ali. Com os cabelos presos às pressas, os olhos ainda vermelhos pelo cansaço da noite no hospital, mas a postura? Impecável.O queixo erguido, o olhar faiscando entre mágoa e raiva.Maria deu um passo para trás, mas recuperou o sorriso dissimulado em segundos.— Laura... — começou, com a voz doce demais para ser verdadeira. — Eu só estava...— Eu vi, não preciso das suas palavras fajutas. — Laura a cortou, seca. — Você estava tentando seduzir meu marido, nua ou vestida, dá na mesma.— Não seja dramática. — Maria falou com sarcasmo, cruzando os braços com ares de superioridade. — Você não tem ideia do que o Christian e eu já...— Cala a boca! — Minha voz saiu firme, mais baixa que um grito, mas muito mais ameaçadora. — Uma palavra a mais e eu te coloco pra fora daqui agora.Laura me olhou de relance, mas não disse nada. Respirou fundo e se aproximou devagar, com o olhar fixo em
Christian Müller –O clima era erótico e denso, mas nada que explicasse a minha necessidade de ter Laura para mim.Peguei suas mãos com firmeza e as levei até o meu peito, guiando-as por meu corpo com lentidão, olhando diretamente em seus olhos enquanto sua respiração acelerava.Inclinei a cabeça, e murmurei rouco, com a voz carregada de desejo e verdade:— A única que pode me tocar… é você, meu amor.Encostei minha testa na dela, os olhos fechados, sentindo o mundo se calar entre nós.— Eu sou todo seu.Ela mordeu o lábio inferior, e mesmo com todo o peso das últimas horas, seu sorriso cresceu. Um sorriso de alívio, de certeza, de amor.— Então me beija, Christian.Soltei um riso, encarando a imensidão azul na minha frente.— Não precisa pedir duas vezes. Isso é o que eu mais quero fazer agora. – Falei, tomando os lábios dela para mim.A pressionei com o corpo, sentindo o calor que ainda pulsava entre nós. O beijo foi lento no início, mas logo virou um furacão. As mãos dela se enrosc
Christian Müller –Henri estava amarrado à cadeira de ferro, o capuz já removido, e seus olhos vermelhos cravados em mim como um animal selvagem. Mas não era medo o que habitava naquele olhar. Era loucura. Ódio. Uma obsessão doentia que só crescia com o tempo.— Incrível como nossos caminhos estão sempre se cruzando, não é, Müller? — ele disse, com a voz arrastada, o sorriso distorcido de quem perdeu tudo e não tinha mais nada a perder. — Tudo por causa daquela vadiazinha da Ivy. Ela acabou com a minha carreira... destruiu tudo.Meu maxilar travou, e eu dei um passo à frente, pegando a barra de ferro da prateleira. O som dela arrastando no chão ecoou como um trovão no galpão escuro e úmido. Henri observava cada movimento meu com olhos arregalados, a tensão subindo como uma maré prestes a explodir.— Você deveria estar preso desde o dia em que tocou nela pela primeira vez — murmurei, a voz baixa, perigosa.Henri soltou uma risada insana, cuspindo no chão ao lado.— E você... você só en
Christian Müller –O céu estava nublado quando descemos do carro. A fachada cinzenta da prisão parecia refletir o peso que eu carregava no peito.Ao meu lado, Mark mantinha a postura firme, atento. Três advogados nos acompanhavam, cada um segurando pastas recheadas de verdades que estavam a muito tempo escondidas.Hoje não era sobre revanche. Era sobre justiça. E acertos finais.Entramos sem cerimônia. O recepcionista arregalou os olhos ao me ver — sabia quem eu era. Todos sabiam. Não importava.Me aproximei do balcão.— Quero falar com Arthur Müller — anunciei com a voz baixa, mas cortante. — E quero uma sala privada. Com ele. Com o advogado dele. E com os meus.O policial hesitou por um segundo, trocou olhares com o delegado, mas logo concordou.Ninguém queria bater de frente comigo. Não agora. Não mais.Fomos conduzidos por corredores gelados até a sala de reuniões.A tensão era quase palpável. Cada passo ecoava como um prenúncio. Eu sentia o coração bater lento e pesado, como um t
Laura Stevens –O fim de tarde trazia aquela brisa mansa que balança as folhas e acalma a alma. Eu estava sentada no gramado com Nathan, vendo-o brincar com as pedrinhas e falando comigo sobre o desenho que tinha assistido de manhã. Meu coração andava apertado demais, então esses momentos de calmaria com ele eram meu refúgio.Mas então eu vi.O portão se abriu e, no mesmo instante, ele apareceu. Christian. Vinha andando com dificuldade, o corpo levemente curvado, uma das mãos apoiando as costas, como se carregasse o mundo — ou as dores dele.Meu coração disparou.— Christian?! — me levantei de imediato, com a voz entre aflita e alerta.Nathan, sem perceber nada, deu um pulo animado ao ver o pai.— Papai! - O pequeno gritou e correu até ele, abraçando suas pernas.Christian tentou se abaixar, ainda curvado, com um sorriso cansado no rosto, mas era visível. Tinha algo errado.Caminhei até ele rapidamente, ignorando qualquer tentativa dele de parecer bem. Levantei a barra da camisa e ali