KATHERINE SALLES

CAPÍTULO 005

A luz suave da manhã invadia o quarto pelas frestas da cortina, despertando-me antes mesmo do alarme. Ainda estava meio perdida nos acontecimentos do dia anterior, mas sabia que não podia permitir que aquilo me afetasse no trabalho. Respirei fundo e levantei. Como de costume peguei o celular , para ver se meus pais não passaram o surto e vieram me pedir desculpas , ainda que fosse por mensagem . Porém não havia qualquer mensagem deles , mas sim de Daniel . Ele definitivamente havia enchido meu w******p de mensagens.

Enojada e com raiva passei os olhos pelas mesmas

‘’Kat...por favor , vamos conversar . Você também precisa ouvir o meu lado . Houve um mal entendido ‘’’ - Com essa tive que rolar os olhos.

‘'Não podemos terminar ...eu posso te explicar tudo! Só me dá uma chance por favor.’’

Nem quis mais ficar lendo tanta coisa sem noção . Sentindo o ódio crescendo por dentro de mim , apaguei suas mensagens e lhe bloqueei sem paciência para tanta ladainha.

O que ele poderia explicar? Como foi parar em cima da cama sem roupas com a minha melhor amiga?

Bufando irritada me levantei, não iria perder meu tempo em ficar pensando naquele bastardo .

No espelho do banheiro, encarei meu reflexo por alguns segundos. O inchaço no rosto havia diminuído graças à pomada que Ethan tinha aplicado, ainda ardia um pouco mas já tinha melhorado consideravelmente . Com mãos firmes, preparei uma maquiagem leve, cobrindo qualquer vestígio da agressão. Hoje, mais do que nunca, eu precisava parecer no controle.

Escolhi um conjunto profissional, saia lápis preta, camisa branca de seda e um blazer bem cortado. O salto alto deu-me a postura e a confiança necessária para enfrentar o dia. Quando desci para o saguão do hotel, Ethan já estava esperando, encostado no carro com as mãos nos bolsos, impecável no terno cinza.

— Pronta? — perguntou, abrindo a porta para mim.

Assenti, entrando no carro. O trajeto até a empresa foi silencioso, mas não desconfortável. Eu podia sentir a presença dele ao meu lado, firme e segura, como uma barreira contra qualquer ameaça.

Assim que chegamos, o som dos meus saltos ecoou no piso de mármore da recepção.

Eu caminhava normalmente até que, de repente, meu coração congelou. Ali, parado no meio do saguão, estava Daniel.

Meu ex-noivo.

O choque me fez parar no ato. Ele me viu e, sem hesitar, caminhou até mim com passos largos. Antes que eu pudesse reagir, agarrou minha mão com força.

— Para de fazer drama — disse, o tom carregado de irritação. — Vamos pra casa.

O contato fez um calafrio percorrer minha espinha. Tentei soltar a mão, mas ele apertou ainda mais.

— Me solta, Daniel. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava. - Não tenho mais nada para falar com você! . Está tudo acabado entre nós , pode ficar com aquela vadia da Letícia. Não era o que vocês dois queriam?

-Eu não amo ela! Amo você . Isso...- ele umedece os lábios - Eu só estava carente e acabei me deixando levar , mas eu juro Kat....não passou de uma noite . Para com isso e vamos para casa agora – Outra vez ele me agarra o pulso tentando me puxar para que eu lhe seguisse contra a minha vontade. -Me solta! -Alterei minha voz cheia de raiva e irritação

Ele ia responder, mas não teve tempo. Em um movimento rápido, Ethan surgiu ao meu lado e, sem dizer uma palavra, desferiu um soco direto no rosto dele. O som seco do impacto ecoou pelo saguão, fazendo todos na recepção prenderem a respiração.

Daniel cambaleou para trás, a mão indo instintivamente ao rosto. Antes que ele se recuperasse, Ethan me puxou para trás de si, colocando-se como uma muralha entre nós.

— Saia da minha empresa — ordenou, a voz grave e gelada.

A tensão era palpável. Dois seguranças apareceram quase imediatamente, atendendo a um sinal discreto de Ethan. Eles agarraram Daniel pelos braços e começaram a arrastá-lo para fora. Mesmo sendo levado à força, ele ainda encontrou tempo para me lançar um olhar carregado de raiva.

— Você vai se arrepender! — gritou, a voz ecoando no saguão. — Sem mim, você não é nada!

As portas de vidro se fecharam atrás dele, abafando qualquer outro insulto que viesse.

Meu corpo ainda tremia levemente, mas Ethan não afrouxou o aperto na minha mão.

Sem dizer nada, me conduziu diretamente ao elevador, subindo comigo até o andar da diretoria.

O corredor parecia mais longo do que o normal. Quando chegamos à porta do escritório, Ethan abriu com firmeza ,mas o que encontramos do outro lado não foi nada que esperávamos.

Sentado em uma das poltronas, de frente para a mesa, estava o avô dele. Um homem de postura imponente, cabelos totalmente brancos, mas olhar afiado como lâmina. A presença dele preenchia a sala.

— Finalmente — disse senhor Joseph, sem se levantar. — Estava esperando.

Ethan entrou primeiro, mantendo-me próxima. Eu podia sentir a tensão dele só pelo modo como segurava minha mão.

— Vovô — disse ele, a voz controlada. — O que o senhor está fazendo aqui?

Senhor Joseph cruzou as mãos sobre a bengala, encarando o neto.

— Estou aqui porque estou cansado dos seus caprichos. Escolhi pessoalmente noivas de boas famílias para você, e você rejeitou todas. Isso precisa acabar.

— Eu já disse que não vou me casar por conveniência — retrucou Ethan, com um fio de impaciência na voz.

O avô ignorou a resposta e continuou

— Se você não se casar este ano, vou considerar seriamente passar a sucessão para o seu irmão. Pelo menos ele entende o valor da tradição e dos acordos.

O ar parecia ter ficado mais pesado. Eu me senti deslocada, como se estivesse assistindo a uma disputa de poder que não era minha. Mas antes que pudesse pensar em me afastar, Ethan tomou uma decisão que mudaria tudo.

Sem me dar tempo para reagir, ele passou o braço ao meu redor e me puxou contra si. Meu corpo chocou-se contra o dele, e antes que eu entendesse o que estava acontecendo, seus lábios estavam nos meus. O beijo não foi longo, mas foi intenso o suficiente para me deixar sem fôlego. Meu coração disparou, e minhas pernas pareceram ceder por um instante. Eu estava consciente de cada detalhe... o calor da mão dele na minha cintura, a firmeza com que me mantinha perto, o sabor leve de café misturado ao seu perfume.

Quando ele se afastou, ainda me segurava próxima. Voltou-se para o avô e declarou, com toda a segurança do mundo

— É com ela que eu vou me casar.

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