KATHERINE SALLES

CAPÍTULO 004

O eco da porta ainda vibrava no ar quando a mulher voltou a encarar-me com fúria. Os olhos dela brilhavam como lâminas, e cada palavra saiu carregada de veneno. 

— Então é você quem está seduzindo o meu noivo! — cuspiu, aproximando-se como se fosse me empurrar contra a parede. — Agora entendo por que ele nunca mais aparece em casa! 

O golpe da acusação me atingiu em cheio, mais pela surpresa do que pelo conteúdo. Meu coração disparou, mas não consegui dar um passo atrás. 

— Seu noivo? — perguntei, incrédula, tentando manter a voz firme. 

— Isso mesmo — ela estreitou os olhos. — Você é o tipo de mulher que se aproveita de 

uma situação para se enfiar na cama de um homem comprometido. É isso, não é? 

Ela fez uma pausa, me observando de cima a baixo com um olhar que misturava desprezo e avaliação. 

— Me diga… quanto ele está pagando? — Sua voz era afiada, quase um sussurro venenoso. — Você é uma garota de programa? 

A pergunta fez meu rosto arder, não apenas pelo tapa anterior, mas pela humilhação que vinha embutida nas palavras dela. Respirei fundo para não perder o controle. 

— Não — respondi, cada sílaba carregada de indignação. — Sou a secretária dele. 

Por um segundo, pensei que ela fosse recuar. Mas, em vez disso, soltou uma risada curta e amarga. 

— Ah, claro… secretária. — O tom sarcástico cortou o ar. — É impressionante como secretárias adoram seduzir seus chefes. Sempre tão “disponíveis”, sempre tão… práticas. 

Eu fechei os punhos, lutando contra a vontade de responder no mesmo nível. 

— Você não sabe nada sobre mim. 

Ela deu mais um passo, ficando tão próxima que pude sentir seu perfume forte e doce. 

— Sei o suficiente para reconhecer o tipo. - Seu olhar era arrogante e cheio de desprezo, como se eu fosse inferior a ela. 

O som da porta se abrindo interrompeu a tensão. Ethan entrou no quarto, já sem o blazer, mas ainda impecável. Ao ver nós duas ali , eu de roupão, com a bochecha ainda ardendo, e ela, de tailleur e postura de ataque , seus olhos se estreitaram. 

— O que está acontecendo aqui? — perguntou, a voz grave e controlada, mas com um fio de irritação perceptível. 

A mulher se virou para ele, num movimento calculado. 

— O que está acontecendo é que encontrei a vadia que está destruindo nosso noivado. Não é de se admirar que eu não conseguisse te encontrar todas as vezes que ia à sua casa. Você estava escondido aqui se encontrando com ela. 

Por um momento, o silêncio foi absoluto. Ethan olhou para ela como se tivesse acabado de ouvir a mais absurda das declarações. Depois, suspirou, passando a mão pelo cabelo. 

— Eu não acredito que você teve coragem de vir até aqui e ainda por cima falando asneiras. — A frieza no tom dele foi como gelo quebrando – Não te devo explicações do porque eu estar aqui ou não . Mas serei claro , se estou aqui é porque a minha casa está em reforma e temporariamente inabitável. Então por favor , se poupe e pare de bostejar pela boca. 

— Como assim? — ela retrucou perplexa. — Sou sua noiva!, você me deve respeito! 

Ele ergueu a voz, não de forma explosiva, mas firme o suficiente para cortar qualquer contra-argumento. 

— Não te devo coisa nenhuma. Você não é minha noiva , nunca foi. 

A mulher piscou, confusa. 

— Sua família… 

— Minha família — ele a interrompeu, dando um passo à frente — Pode ter feito todos os arranjos que quiser, mas eu não aceito esse casamento. Não aceito ser tratado como moeda de troca em um acordo empresarial. E, principalmente, não aceito que você entre no meu espaço acusando e agredindo pessoas. 

Ela abriu a boca, mas ele ergueu a mão, encerrando a discussão. 

— Acabou. — Pegou o telefone sobre a mesa de canto e discou rapidamente para a recepção. — Quero que enviem um funcionário imediatamente para retirar uma hóspede não autorizada do meu quarto. 

O silêncio que se seguiu foi carregado. Ela o encarava com um misto de raiva e incredulidade, mas, no fundo, parecia saber que havia perdido, pelo menos por hora. Poucos minutos depois, um funcionário do hotel chegou. Ethan se manteve ao lado da porta, observando impassível enquanto ela, com um olhar cortante na minha direção, saía sem dizer mais nada. O som da porta fechando atrás dela soou como um alívio imediato. 

Foi só quando ficamos sozinhos que percebi o quanto meu rosto ainda ardia. Ethan, que até então mantinha uma postura rígida, relaxou um pouco. Ele se aproximou, os olhos percorrendo minha expressão. 

— Ela te bateu? — A pergunta saiu baixa, quase um murmúrio, mas carregada de uma fúria contida. 

Eu hesitei por um segundo. 

— Só um tapa. Nada demais. 

Ele franziu o cenho, claramente discordando. Abriu a gaveta do criado-mudo e tirou um pequeno tubo de pomada. 

— Senta. — Sua voz não deixava espaço para objeção. 

Sentei na beira da cama. Ele se ajoelhou à minha frente, espremendo um pouco do creme nos dedos. Quando o toque frio encostou na minha pele quente, estremeci levemente. Ethan moveu os dedos com cuidado, espalhando a pomada devagar, como se cada gesto fosse calculado para não machucar. Meus olhos curiosos se prenderam no rosto bonito e simétrico , mandíbula quadrada , olhar marcante e forte sem deixar de lado a boca vermelha convidativa. Desde a primeira vez que fiz entrevista para ser 

sua secretária fiquei impactada com a beleza desse homem . Claro ,já conheci muitos caras bonitos e inclusive o meu ex- noivo filho da mãe está dentro do padrão , porém Ethan Lancaster era um verdadeiro absurdo. Braços fortes e viris , tem um corpo atlético e em forma, ele se exercitava na academia e gostava de fazer corridas matinais . Como sei disso? Em um certo dia um cliente tentou contato com ele mas não 

conseguia e eu tive que fazer as honras e então liguei para Ethan . Sua voz ofegante enquanto corria, uma vez em que seu tom grave e rouco ecoava nos meus ouvidos , fez com que arrepios eriçassem os cabelos do meu corpo. A medida em que apertei minhas pernas na outra , mordiscando meu lábio inferior. Lembrar destas coisas faz com que eu me sinta febril. 

A proximidade era sufocante. Eu podia sentir o calor do corpo dele, o aroma leve do perfume almiscarado que parecia ser sua marca pessoal. E a cada vez que sua mão roçava levemente minha mandíbula, meu coração batia mais rápido. 

Nunca imaginei que meu chefe Ethan Lancaster a arrogância em pessoa pudesse ter um lado empático e gentil , do jeito que é maníaco por trabalho e de sobrecarregar os seus funcionários para acompanhar sua agenda louca , faz com que eu passe a olhá-lo com outros olhos . Mesmo tendo me pegado na mentira ontem à noite quando lhe disse que não podia trabalhar porque estava doente , ele me deixou ficar na sua suíte luxuosa . E agora está cuidando de mim após ter levado um tapa da mulher maluca que invadiu o seu quarto se ‘’dizendo ‘’ ser sua noiva. 

Será que dentro dessa geladeira toda , batia um coração bondoso? 

Nossos olhares se encontraram. Por um momento, não havia palavras. Só o som baixo da nossa respiração. Ele inclinou-se um pouco mais, e por um instante achei que iria me beijar. Meu corpo congelou, a expectativa me paralisando. 

Mas, no último segundo, Ethan se afastou ligeiramente, quebrando o feitiço. 

— Pronto. — Guardou o tubo de pomada, como se nada tivesse acontecido. 

Eu soltei o ar que nem percebi que estava segurando. 

Ele foi até a mesa, pegou uma chave-cartão e colocou na minha mão. 

— Fique nesse quarto por hoje. É mais seguro. E longe de problemas. 

Segurei a chave, sentindo o metal frio contra a pele. 

— Mas e você? 

— Eu tenho coisas para resolver. — A voz dele voltou ao tom prático de sempre, mas havia um traço de preocupação que ele não tentou esconder. — Só… não saia. 

Minutos depois, eu estava sozinha no novo quarto. A porta se fechou atrás de mim, abafando os sons do corredor. Encostei as costas na madeira, respirando fundo. 

O ambiente era tão luxuoso quanto o anterior, mas a atmosfera era diferente. Talvez porque agora, junto com o silêncio, vinha também uma estranha sensação de expectativa. 

Sentei na cama, segurando a chave-cartão como se ela fosse um talismã. Meus pensamentos voltavam, inevitavelmente, para aquele momento em que Ethan e eu quase… quase… 

Meu coração ainda batia acelerado, como se quisesse me lembrar de que havia algo ali, algo que eu não sabia se deveria temer ou desejar. 

E, pela primeira vez desde que tudo aquilo começou, percebi que não tinha mais certeza de qual seria a resposta. 

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