CAPÍTULO BÔNUS- LILIAN
Chegar ao Rio de Janeiro não foi apenas atravessar uma ponte ou desembarcar em outra cidade.
Foi atravessar uma fronteira invisível dentro de mim.
Eu estava sentada no banco do passageiro, olhando pela janela do carro de Lorenzo enquanto o sol começava a descer lentamente entre os prédios altos e o mar aparecia ao fundo como uma promessa silenciosa.
O Rio tinha um jeito estranho de ser intenso sem pedir licença — o calor, as cores, o barulho, tudo parecia gritar que a vida continuava, mesmo quando por dentro eu ainda me sentia em cacos.
Lorenzo dirigia em silêncio, mas de vez em quando lançava um olhar rápido na minha direção, como se quisesse se certificar de que eu ainda estava ali. Eu estava. Fisicamente, pelo menos.
Por dentro, ainda havia ecos de medo, lembranças que surgiam sem aviso, como ondas quebrando contra pedras que eu fingia não ver.
— Está tudo bem? — ele perguntou, finalmente.
Assenti com a cabeça. Não porque estivesse tudo bem, mas porque na