Amara
O comboio saiu cedo, três carros discretos, vidros sem brilho. O dia estava nublado, como se o céu preferisse não ver. Ninguém falou muito. Damian dirigia o primeiro carro. Eu ia ao lado dele. Atrás, Ronan e Mirella. A matilha vinha espalhada, cobrindo pontos cegos.
— Vai ser rápido — Ronan disse. — A gente checa, reativa o lugar, deixa pronto pra emergência.
Eu segurei o cinto com força. A marca estava calma, mas meu peito não. O “refúgio” era antigo, subterrâneo, feito antes de mim, antes de nós dois. Um pedaço da história deles.
— Tudo bem? — Damian perguntou, sem tirar os olhos da estrada.
— Só quero que seja um lugar de respiro — respondi. — Só hoje.
— Eu vou te dar respiro — ele disse, simples. — Nem que eu cave com as mãos.
O caminho terminou numa estrada de serviço, escondida por árvores. Um galpão abandonado, portão baixo, capim alto. Parecia nada. Ronan abriu a tranca, e uma rampa apareceu. Descemos devagar. O ar ficou mais frio.
A porta principal do refúgio cedeu com