Damian
A transmissão entrou como um corte na pele. As telas da cidade acenderam ao mesmo tempo: outdoors digitais, painéis de metrô, telões de shoppings, até as televisões dos bares de esquina. O rosto de Adrian Voss tomou conta do mundo como um vírus. Sorriso fino, olhos de quem já tem o que quer.
— “Boa tarde, cidade.” — a voz dele saiu limpa, sem chiado, invadindo nosso sistema por uma brecha que Ronan ainda tentava entender. — “Prometeram verdade, não? Vamos dar ao povo o gosto da verdade.”
Ronan correu para o rack de servidores.
— Ele está espelhando por fora. Não é daqui.
— Corta — eu disse, seco.
— Não dá. — Viktor apertava as teclas. — Ele pulou de nó em nó. É… pirateado nos painéis públicos.
A imagem mudou. Documentos escanearam a tela. Cabeçalhos oficiais de empresas-espelho, termos técnicos, siglas, códigos. Linhas pretas cobriam partes sensíveis. Outras linhas, não.
— “Série Q-13, Q-14, Q-21” — ele narrava, teatral. — “Protocolos de teste em espécimes com fisiologia varian