Capítulo 38 – O Flagrante

Amara

Mais um dia como esposa de um bilionário, mais uma festa que eu não queria ir. A caridade tinha cheiro de perfume caro e de culpa engarrafada. O conselho exigiu nossa presença, e eu fui com o coração blindado atrás do sorriso. Damian me deu o braço na entrada, flashes riscaram o ar. Eu respondi com educação e distância, lembrando que a noite anterior ensinou limites.

— Aguenta? — ele perguntou, quase sem mover os lábios.

— Aguento. — E completei em voz mais baixa: — Não me tira de vista.

Caminhamos pelos estandes, crianças em fotos, doações em números vistosos, discursos em tom pasteurizado. Eu cumpri o percurso, mas o corpo pedia ar. Quando a orquestra começou uma valsa, eu soltei a mão de Damian.

— Dois minutos — avisei.

— Ronan vai com você.

— Sozinha. Não vou longe.

Ele mediu a sala, mediu a minha teimosia, e assentiu. Cruzei o foyer por trás dos arranjos e encontrei uma ala quase vazia, um corredor com retratos antigos, tapete grosso, uma janela semiaberta. O som do salão
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