Amara
A primeira saída “controlada” começou antes do dia terminar. Victor fez um resumo de rotas com a paciência de quem explica a mesma rota para pessoas diferentes.
Eu ouvi, anotei mentalmente e, ainda assim, decidi que guardaria apenas o que me servisse. Se este mundo queria me observar, que aprendesse meu ritmo.
— Galeria Iron, às duas — disse ele. — Depois, visita aos seus pais. Dois carros. Placas alternadas. Sem paradas não previstas.
— Prevista é a sua mãe, — murmurei. — Eu improviso.
Ele fingiu não ouvir. Damian não apareceu na sala, mandou uma mensagem curta:
— “Boa sorte com as câmeras. Diga a Lia que o patrocínio permanece.”
Traduzi: estarei por perto sem estar.
No elevador, Victor informou que a imprensa já sabia. “Vazamento”, ele disse, e soou como “tática”. O hall fervia. Quando as portas se abriram, os flashes me feriram mais do que a luz. A palavra “noiva do gelo” me alcançou como um rótulo colado na testa.
— Ignore, — sussurrou Victor. — Caminho A.
Caminhei. Três