Damian
O lobo não dormiu. Ele caminhava pelos meus ossos como um guarda em corredor estreito, farejando portas que não existem e exigindo chaves para todas.
A revelação apressou tudo, a verdade, quando dita, tem dentes. Eu precisava torná-la segura sem me tornar sua gaiola. Difícil para um homem que nasceu cercando territórios.
— Ronan, aqui, agora, — chamei pelo interfone interno.
Ele entrou com o passo de quem mede chão. Alto, barba curta, olhar que estivesse sempre mapeando saídas. Chefe de segurança há oito anos, minha sombra quando sombras importam.
— Situação? — perguntou sem floreio.
— Nova rotina. Rotas alternadas, veículos sem padrão, vigilância discreta no quarteirão. Quero dois carros sempre prontos, placas rotativas, motoristas trocados em horários não previsíveis. Nada de sirenes de eficiência. Invisibilidade é a prioridade.
Ronan assentiu, já anotando mentalmente.
— E dentro? — ele perguntou.
— Câmeras nos corredores mantidas, revisão de pontos cegos, portas de serviço