Damian
Ela ficou calada por longos segundos, e eu ouvi o relógio da parede marcar a madrugada como um juiz. Então ergueu o rosto e trouxe a conversa para o chão:
— Se eu disser “não”, o que acontece?
Engoli seco.
— Eu reforço as cercas, te levo para longe de mim nas noites de risco, desfaço a parte pública que nos põe no alvo, e te devolvo sua vida como der. Eu cumpro. Mesmo que me rasgue por dentro.
— E se eu disser “sim”?
— Amanhã. — A palavra saiu antes do pensamento. — Amanhã eu te mostro o ritual simples. Nada de mantos, nada de público. Só nós. Uma gota. Um juramento. Uma marca no meu pulso, não no seu. A sua pele é decisão sua.
Amara respirou, e a respiração dela virou a medida do meu mundo. Ela se aproximou meio passo, e eu permaneci imóvel, para não parecer que cercava.
— Por que eu? — sussurrou, repetindo a pergunta de outros dias.
— Porque sem você eu fico menos homem e mais fera. E porque com você eu me lembro da palavra “limite” mesmo quando a lua manda apagá-la.
Ela me e