Damian
Ela acordou com um sobressalto, como quem retorna de um mergulho fundo demais. Eu já estava ali, sentado à beira da cama, o peito ainda arfando do que eu havia sido e voltado a não ser.
A lua forte me deixou quebrado por dentro, a volta sempre custa. Passei a mão no rosto para conter o resíduo do âmbar antes que ela abrisse os olhos por completo.
— Água, — ofereci, a voz baixa.
Amara levou alguns segundos até focar. Os cabelos colados à têmpora, o lençol enrugado, o perfume da pele misturado à noite. Ela recuou um pouco, mas não gritou. Só respirou, firme, como quem escolhe ficar inteira.
— O que eu vi… — sussurrou. — Foi real.
— Foi, — respondi. — Não vou te insultar com mentiras.
Pegou o copo com as duas mãos, evitando tocar na minha. Bebeu um gole e pousou sobre a mesa. Olhou para mim de novo, olhos atentos, assustados, combativos. Eu reconheço essa combinação: coragem sobressaltada.
— Você escondeu isso de mim todo esse tempo, — disse, sem acusar, mas ferindo.
— Eu tentei