A noite havia se instalado por completo, trazendo um peso que não vinha só do cansaço. Dentro da casa, o silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelo som dos grilos lá fora. No quarto, Kael e Camélia estavam sentados lado a lado, sem pressa de falar.
Ela encostou o ombro no dele, a voz saindo baixa:
— Você não tá dormindo direito.
Kael soltou um riso cansado.
— E você acha que tá?
Ela sorriu de leve, mas não tentou negar. As olheiras em seus olhos falavam por si. O desgaste não vinha só do corpo — era o coração que carregava cada decisão junto com o dele.
— Parece que quanto mais a gente anda, mais longe fica o fim — murmurou Camélia, apertando os dedos contra a coxa.
— O fim não é pra agora — Kael respondeu, virando o rosto para fitá-la. — Mas cada passo conta. Hoje vocês abriram portas que ninguém mais conseguiria.
Ela respirou fundo, apoiando-se contra ele.
— Tomara que sirva de alguma coisa.
— Vai servir. — A firmeza da voz dele se suavizou logo depois. — E quando isso acabar