A imagem ainda pulsava na mente de todos. O som do grito, o rasgar das roupas, o corpo caindo no chão. Aquilo não era um filme. Não era lenda. Era real — e agora estava em todos os celulares, em todos os grupos de mensagem da cidade.
O ataque havia sido gravado de ângulos diferentes. Vídeos curtos, tremidos, cheios de vozes em pânico e legendas sensacionalistas.“Homem vira lobo?”“Monstro ataca morador no centro.”“Lobisomens são reais?”A cidade começava a despertar para uma verdade que, por anos, havia sido escondida entre as sombras da mata e as dobras do silêncio.Camélia estava sentada no sofá da sala, os joelhos encolhidos contra o peito. A televisão ligada em mudo mostrava uma das gravações repetidas em loop. Ela não olhava para a tela — seus olhos estavam fixos em um ponto invisível, como se buscassem respostas em meio ao caos.A presença de Kael ao seu lado era um alívio tenso. Ele não dizia nada, mas a mão grande que repousa