A manhã ainda se espreguiçava pelas janelas da casa dos Alencar quando Camélia desceu as escadas com passos leves, uma xícara nas mãos e o olhar distraído. O cheiro do chá de hortelã se misturava ao pão fresco vindo da cozinha, onde Madalena cantarolava baixinho. Na sala, Flor organizava alguns tecidos que Camélia usaria nos preparativos da cerimônia — peças vermelhas e brancas, delicadamente dobradas, como se carregassem mais do que simbolismo. Carregavam sentimento.
Camélia se sentou no sofá, puxando uma manta pelas pernas, sentindo o frescor da manhã invadir seu corpo. A marca no pulso parecia mais viva, quente, como se respondesse à simples lembrança de Kael.
— Dormiu bem? — Flor perguntou sem olhar, mas o tom da voz tinha aquele carinho de mãe que já sabe a resposta.
— Dormi — ela respondeu, sorrindo de lado. — E você sabe que não dormi sozinha.
Flor apenas sorriu e desviou o olhar, mas seus olhos brilhavam com uma ternura discreta. Camélia estava diferente. Os movimentos,