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Capítulo 14 : A noite das máscaras

O som dos saltos ecoou no mármore reluzente e, ao virar, vi uma mulher imponente, alta, de cabelos negros lisos que caíam até a cintura. O vestido que usava parecia retirado diretamente de uma revista.

Os recepcionistas se endireitaram de imediato, até mesmo a ruiva, que baixou a cabeça em silêncio.

A mulher parou diante de mim, analisando-me de cima a baixo. Seu olhar não trazia arrogância, mas sim curiosidade, como se tentasse decifrar quem eu era.

— Esta é a convidada especial do senhor Vasconcellos. — disse o senhor Pedro, com respeito.

Um leve sorriso surgiu em seus lábios.

— Entendi. Então você é a esposa dele.

Engoli em seco. Ainda era estranho ouvir aquilo em voz alta.

— De contrato… — murmurei quase sem querer, mas apenas ela ouviu.

Ela riu baixinho e respondeu no mesmo tom:

— De contrato ou não, querida, aqui você será tratada como rainha.

Virou-se para a ruiva, que parecia prestes a sumir.

— E você, Clara, peça desculpas agora.

A ruiva hesitou, mas diante do olhar frio da mulher, engoliu o orgulho.

— Me desculpe, senhora… — murmurou amarga.

Dei um meio sorriso, satisfeita.

— Aceito. — respondi simples, erguendo o queixo.

A mulher voltou-se para mim.

— Meu nome é Beatriz, sou responsável por preparar você para o baile desta noite. Leonardo pediu pessoalmente que eu cuidasse de cada detalhe.

Meus olhos se arregalaram.

— O quê? — quase engasguei. — Ele pediu… pessoalmente?

Beatriz sorriu, como se já esperasse minha reação.

— Ah, querida, você não faz ideia da tempestade em que entrou.

Fiquei sem saber se sorria ou corria para a saída mais próxima. Beatriz parecia daquelas mulheres que jamais perdiam a compostura. Sua confiança me intimidava.

— Venha comigo. — disse ela, sem mais explicações.

Segui-a, acompanhada pelo senhor Pedro, cuja presença emanava proteção. Subimos num elevador de vidro, que revelava o interior luxuoso do hotel. Meu coração acelerava a cada andar.

O elevador parou no 15º andar. As portas se abriram para um corredor iluminado por lustres de cristal. Beatriz caminhava firme, como dona de tudo, enquanto eu tropeçava, nervosa.

Ela abriu uma porta dupla, revelando um salão de beleza exclusivo. Havia espelhos enormes com luzes, cabides cheios de vestidos e pelo menos cinco pessoas esperando: maquiadores, cabeleireiros e estilistas.

— Aurora, este será o seu time hoje. — anunciou Beatriz, como quem apresenta uma joia.

Quase ri.

— Meu time? Olha, não sei se você reparou, mas eu sou só… eu.

Um dos cabeleireiros sorriu.

— Hoje você não é "só você". Hoje será a senhora Vasconcellos.

Meu estômago se revirou. Aquele título ainda soava pesado. Mas não havia como fugir.

Beatriz estalou os dedos e eles começaram a agir. Fui puxada suavemente até a cadeira diante do espelho, enquanto alguém mexia em meu cabelo, e só pensava em como minha vida havia virado do avesso tão rápido.

— Relaxa, querida. — disse Beatriz, tocando meu ombro. — Você vai brilhar esta noite. Você é muito bonita, e vou confessar que gostei de você. Acredite, não é todo dia que gosto de alguém.

— Posso dizer o mesmo de você. — Respondi com um sorriso.

— Que bom. Tenho certeza de que vamos nos dar muito bem.

Passei horas sendo maquiada e penteada, como uma boneca. Vi meu reflexo se transformar. O cabelo bagunçado ganhou ondas longas que desciam até abaixo da cintura. Meus olhos, antes cansados, agora brilhavam com sombras douradas e delineado perfeito. Minha pele parecia radiante.

— Agora o vestido. — disse Beatriz, trazendo uma peça coberta por tecido preto.

— Isso… é para mim? — perguntei, incrédula.

— Sim. Leonardo escolheu pessoalmente. — respondeu Beatriz, observando-me.

Meu coração disparou outra vez.

— Ele escolheu?

— Ah, querida… — Beatriz sorriu, enigmática. — Esse homem pode dizer que é só um contrato, mas eu o conheço como ninguém.

Senti minhas bochechas queimarem, mas não respondi.

Com a ajuda de duas assistentes, vesti o traje. Quando olhei no espelho, mal me reconheci. Era como se uma versão escondida de mim tivesse sido revelada.

O vestido era negro como a noite, bordado com fios prateados que brilhavam sob a luz, como estrelas presas ao tecido. Colado ao corpo, delineava cada curva, feito sob medida para mim.

O decote em V profundo mergulhava ousado até a cintura, revelando pele na medida certa — provocador, mas elegante. As alças finas deixavam meus ombros expostos, frágeis e belos, contrastando com a força da peça.

Na lateral, uma racha que subia até a coxa, revelando minha perna a cada passo, como convite silencioso. O tecido acetinado parecia deslizar pela pele, acompanhando meus movimentos com sensualidade natural.

Girei tímida diante do espelho, e o vestido se moldou ainda mais, como parte de mim. Eu não sabia se me sentia poderosa ou exposta demais. Talvez os dois.

— Você está linda. — disse Beatriz. — O Leonardo vai amar.

— Obrigada. — murmurei, corando. Eu não achava que ele tivesse olhos para mais alguma coisa além dos negócios.

— Eu vou buscar o seu casaco, tá? — disse Beatriz, mas parou no meio do caminho. Olhou para mim com um sorriso matreiro. — Na verdade, vou entregá-lo ao Pedro.

— Por quê? — perguntei confusa.

— Óbvio, querida. Ele tem que ver o seu corpo todo, não tapado com um casaco.

Balancei a cabeça. Aquela mulher só podia ser louca. Como se o loiro fosse olhar para o meu corpo! Nem que eu fosse a última mulher do mundo.

Depois que ela saiu, virei-me novamente para o espelho. A transformação me surpreendeu. Eu nunca pensei que pudesse ser tão bonita.

Logo um recepcionista veio avisar que Leonardo havia chegado. Decidi descer.

Comecei a atravessar o saguão quando passos firmes ecoaram pelo corredor. A sala silenciou.

A porta se abriu devagar, revelando a figura inconfundível dele.

Leonardo Vasconcellos entrou no salão, impecável em seu smoking preto. Seus olhos caíram direto sobre mim. Por um instante, juro que vi surpresa em seu olhar.

Ele ficou vidrado, os olhos percorrendo-me de cima a baixo. O olhar dele me deixava constrangida. Eu não entendia se havia aprovação ou desgosto. Num momento, parecia que sim; no outro, ele franzia as sobrancelhas.

Ele estava perdido em mim. E eu… decidi me perder nele também.

Leonardo vestia smoking preto, camisa branca impecável, gravata ajustada, sapatos tão lustrados que refletiriam meu rosto se eu me inclinasse. O relógio de ouro brilhava em seu pulso. Postura firme, expressão fria. Sempre o mesmo homem controlado, mas naquele instante, seus olhos denunciavam algo mais.

— Olha só quem eu encontro… — ouvi a voz de Beatriz atrás de mim. — Leonardo Vasconcellos, há quanto tempo!

— Já vai algum tempo, mas falamos depois. — respondeu ele, frio.

Pelo que Beatriz dissera, eram amigos de anos. E ele a tratava assim. Idiota.

— Certo, eu sei. Ahh, Leonardo, a sua esposa é linda. Muito linda e bondosa. Então cuida dela, tá?

Quando ela disse isso, o loiro olhou para mim e meu peito disparou como um tambor. Eu tinha certeza de que meu rosto estava vermelho.

— Eu sei. — ele respondeu.

Palavras simples, mas que me deixaram ainda mais confusa. Meu peito doía de um jeito estranho. Meus olhos ardiam, e pensamentos nada saudáveis surgiram. Lembrei da ruiva mais cedo. E de quantas mulheres Beatriz já devia ter preparado para ele.

Ele era mesmo um idiota.

— Está pronta? — a voz dele me trouxe de volta.

Assenti, mantendo meu olhar firme. Eu não abaixaria a cabeça diante dele.

Ele me ofereceu o braço e, quando aceitei, senti um fio de eletricidade percorrer meu corpo.

— Então vamos. — murmurou. — É hora de mostrar ao mundo como se j**a esse jogo.

E eu apenas o acompanhei. Mais preocupada com o que iria encontrar lá fora do que em descobrir o que era essa eletricidade entre nós.

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