Leonardo se afastou de mim no instante em que a porta bateu, mas o calor de suas mãos na minha cintura permaneceu, queimando. Ele se recompôs com uma velocidade assustadora, ajeitando o colarinho com um ar de quem acabara de discutir o preço das ações na bolsa, e não de quem quase me atirou no sofá para me devorar.
Eu, por outro lado, senti que estava desmoronando em slow motion. Meus lábios ainda formigavam, minha respiração não voltava ao normal.
— Vamos — Sua voz saiu seca, cortante, como se tentasse espantar o cheiro de desejo no ar. — Dona Maria está esperando.
— Eu… eu preciso lavar o rosto — Gaguejei, fugindo. Corri para o banheiro mais próximo e me tranquei, apoiando as mãos na pia fria.
O rosto que me encarava no espelho estava rubro, o cabelo despenteado e os lábios inchados. Não havia como fingir que nada tinha acontecido. Pior: eu não conseguia parar de reviver a sensação. O gosto dele, a força, a forma como ele me calou...
— Não, não, não — Murmurei para o espelho, molhan