Depois do pedido de casamento mais estranho que já vi na vida, despedi-me do meu pai mais uma vez, pela última vez. A falta que ele me faz é como um buraco no peito, mas sei que ele queria que eu fosse forte. E eu vou ser. Vou ser forte por mim e, principalmente, pela minha irmã. Não vou deixar que nada nos separe. Peguei o ônibus e segui para o meu bairro, a Vila das Palmeiras, na sua parte mais humilde. As ruas são estreitas, asfaltadas de forma irregular, com buracos e remendos. As calçadas, quebradas em vários pontos, e, em vez das palmeiras alinhadas que dão nome ao lugar, há árvores espalhadas ao acaso, algumas com folhas secas caindo sobre os fios elétricos expostos. As casas são simples: muitas de tijolos à vista ou com reboco gasto, pintadas em cores já desbotadas pelo sol e pela chuva. Os telhados variam entre telhas de barro antigas e placas de amianto. Portões enferrujados e muros baixos revelam quintais pequenos, onde roupas balançam em varais improvisados. No cent
Ler mais