DORIAN
David não precisa de mais do que dez minutos.
Enquanto Lara está com os olhos perdidos entre o boletim médico e as sombras do passado, ele me chama para o corredor. Sem palavras inúteis. Apenas estende o celular com a tela desbloqueada. No visor, a imagem de um homem com barba por fazer, olhar encovado e um leve vinco de expressão entre as sobrancelhas. Tem algo familiar ali — o formato do maxilar, o contorno da boca. Não é uma semelhança gritante, mas o bastante para inquietar.
— É um número novo — diz David. — Está registrado há menos de dois meses, pré-pago, sem CPF vinculado. Mas consegui rastrear até uma loja física. Um dos meus homens está a caminho para descobrir se quem comprou o chip. Demos sorte porque ele comprou com cartão de crédito. Leandro Campos.
O nome paira no ar como uma lâmina suspensa.
É o nome do pai dela.
— Ele sumiu quando ela era criança. Por que voltaria agora? — pergunto, mesmo já sabendo a resposta.
— Vou puxar todas as informações e descobrir se ele