LARA

A mala já está fechada.

O vestido está dobrado com cuidado, os sapatos guardados, o robe que usei está pendurado de volta no suporte. A suíte parece outra agora — menos mágica, menos suspensa no tempo. Talvez porque eu mesma tenha voltado à realidade. Ou talvez porque essa realidade… não pareça mais tão dura.

Dorian está ao meu lado, ajustando os punhos da camisa branca com os dedos ágeis. Ele está sem a gravata, mas deixou o paletó jogado sobre a cadeira. A imagem dele, levemente desalinhada, é uma visão que me distrai mais do que deveria.

— Está pronta? — pergunta, sem me olhar, como se soubesse que estou o observando.

— Quase. Só estou protelando. — Dou de ombros, me aproximando da janela. As cortinas estão abertas, revelando uma manhã clara, ensolarada demais para uma despedida.

— Protelando o quê?

— Deixar isso tudo pra trás.

Ele finalmente me olha. E há algo nos olhos dele que me desarma. Algo que ainda não sei nomear, mas que reconheço como verdade.

— Não precisa ser assim