LARA
Ele ainda está sentado ao meu lado. Tão perto que posso sentir o calor do corpo dele se espalhar pelo meu, mesmo sem nos tocarmos.
O quarto respira conosco. Em silêncio. Em pausa. Em algo novo.
Eu deveria estar nervosa. Assustada. Mas não estou.
Pela primeira vez em anos, não estou.
Dorian me olha como se estivesse vendo além da minha pele. E é exatamente por isso que me levanto, sem dizer uma palavra. Ele me observa se afastar alguns passos e depois parar, de frente para ele.
Eu fico ali. Em pé. Ele, sentado.
Seus olhos sobem devagar pelo meu corpo. Não de um jeito vulgar. Não como alguém que deseja apenas o corpo. Mas como alguém que reconhece algo perdido — e que achava nunca mais encontrar.
Dou um passo à frente. Depois outro. Me aproximo até ficar entre suas pernas. Ele não se mexe.
As mãos repousam sobre as coxas. Os ombros estão tensos. O peito nu se move devagar com a respiração controlada demais para ser natural. Ele está em contenção. Em espera.
Apoio os dedos sob o que