DORIAN
A mansão está estranhamente silenciosa agora. Os convidados já se foram, as luzes do jardim estão apagadas, e até a equipe de organização recolhe as últimas flores com passos contidos, como se quisessem preservar a gravidade do que acabou de acontecer.
Estamos casados.
Não de verdade, não no papel. Mas diante de todos, diante das câmeras, diante dela.
Ela está lá em cima, se trocando para irmos ao hotel. A noite de núpcias, como manda o protocolo. Um teatro que saiu do controle. Ou talvez nunca tenha sido só encenação.
Espero no salão principal, onde uma garrafa de vinho foi deixada sobre o aparador. Sirvo uma taça e me sento em uma das poltronas. O peso do terno ainda está sobre meus ombros. A gravata frouxa. As mãos cerradas.
Ouço os passos antes de vê-la. Dona Natália entra com sua leveza habitual, vestindo um robe claro sobre o vestido da festa. Carrega uma xícara de chá nas mãos. Seu olhar pousa em mim com suavidade, mas sem desviar.
— Posso? — pergunta.
— Claro.
Ela se se