A primeira coisa que percebo ao acordar é o cheiro dele no travesseiro. A segunda... é a ausência.
Estendo a mão por instinto, ainda envolta pelo calor da noite anterior, mas só encontro lençóis frios e amassados. Me sento devagar, a seda do lençol escorregando pelo meu corpo nu como um lembrete físico do que aconteceu. A noite ainda está em mim — na pele, nas marcas, no cansaço bom que deixa os músculos relaxados e a alma alerta.
Mas ele não está.
O quarto está silencioso demais. As cortinas deixam entrar uma luz suave, o suficiente para revelar o caos de roupas espalhadas, o vestido rasgado pendurado no encosto da poltrona, o paletó dele esquecido no chão.
Poderia ser só mais uma ausência. Só mais um homem indo embora antes do amanhecer.
Mas não é.
Pousado sobre o travesseiro ao lado do meu, está um pedaço de papel dobrado com precisão.
Meu nome está escrito à mão. Reconheço a caligrafia imediatamente.
“Tinha uma reunião cedo e preferi não te acordar.
Depois de tudo que fizemos, ac