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Capítulo 5 - Regras do Jogo

DORIAN

Ela está linda.

Mas claro que está.

Lara sempre soube entrar em uma sala como se fosse dona dela — mesmo quando tudo que tinha era o silêncio entre uma palavra e outra.

Agora, sentada do outro lado da limusine, com um vestido preto colado ao corpo, maquiagem discreta e expressão indecifrável, ela parece mais perigosa do que nunca.

Não para mim.

Mas para ela mesma.

Porque eu ainda me lembro de tudo.

E ela finge que esqueceu.

Cruzo as pernas com calma. O terno me veste como uma armadura, e cada botão abotoado é mais uma camada entre o que eu sou e o que o mundo vê.

— Você não vai dizer nada? — ela pergunta, finalmente.

— Estou observando.

Ela arqueia uma sobrancelha.

— Você observa como quem avalia.

— Porque é exatamente o que estou fazendo.

Ela solta um suspiro, vira o rosto para a janela. Não está acostumada a ser examinada — e menos ainda por mim.

Mas essa é a vantagem de conhecer alguém tão bem: você enxerga até o que ela não quer mostrar.

— Vamos a um evento com investidores internacionais — digo. — Preciso que você esteja à altura.

Ela volta a me encarar, devagar.

— Acha que não estarei?

— Acho que você tem um talento inato para sabotagem.

— Só quando estou entediada.

— Espero que eu consiga mantê-la ocupada, então.

Ela sorri, mas não é um sorriso doce. É cortante. E familiar.

— Vai me dar uma lista de regras, Dorian?

— Claro.

Ela se vira completamente, cruzando as pernas com um movimento que sabe chamar atenção. É teatral, ensaiado. Funciona.

— Estou ouvindo.

— Primeira regra — começo, com os olhos nela. — Você vai sorrir. Sempre que for apresentada, cumprimentar alguém ou for abordada por jornalistas. Sorrisos calculados. Nada espontâneo demais.

Ela finge anotar mentalmente, balançando a cabeça.

— Segunda?

— Você vai me tocar. De leve. No braço, no ombro, no peito, se for o caso. Vai parecer íntima. Mas não desesperada. Você é minha esposa. Não uma fã.

— Entendido. Sutileza possessiva. Mais alguma diretriz marital?

— Vai ficar do meu lado. O tempo todo. Sem desaparecer no coquetel, sem fugir para o banheiro por vinte minutos como fazia antes.

Ela engole em seco. Ponto para mim.

— Próxima regra?

— Quando alguém perguntar sobre nosso casamento, você vai sorrir e dizer que foi inesperado, mas inevitável.

— E isso é uma frase sua ou do contrato?

— Ambas.

Ela se inclina levemente para frente, como se estivesse prestes a dizer algo perigoso. E está.

— Você está se divertindo?

— Muito.

— Isso aqui é sobre negócios, Dorian. Mas está transformando tudo em um circo particular.

— Porque você é o espetáculo perfeito.

Ela ri. Curta. Irônica.

Mas há algo nos olhos dela que não era visível até agora.

Ela está sentindo.

— Última regra — digo, com a voz mais baixa, a entonação mais lenta. — Vai me olhar nos olhos. Sempre que alguém nos observar. E vai parecer que está apaixonada.

Ela me encara, desafiadora.

— Fácil. É só lembrar do quanto você me enlouqueceu.

— Acha mesmo que pode me provocar sem consequências?

— Não estou provocando.

— Está, sim.

Ela se encosta no banco, os braços cruzados. Mas não desvia o olhar. Nunca desvia.

— E se eu quiser mudar as regras?

— Não vai querer.

— Talvez eu queira ditar algumas também.

— Lara… — Me inclino. Estamos perto demais. — Esse jogo foi criado por mim. Você está apenas sendo convidada a jogar.

— E se eu quiser ganhar?

— Já perdeu no momento em que entrou naquele escritório com os olhos suplicantes e a voz falha.

Ela endurece. Por fora, continua altiva. Mas por dentro… eu a vejo tremer.

— Eu entrei porque não tinha escolha.

— Entrou porque sabia que, no fundo, ainda existia algo aqui — toco o peito, devagar — que reconhecia isso aqui.

Ela ri com desdém, mas os olhos a traem.

Estão escuros. Brilhantes. Quase… úmidos.

Eu me aproximo mais um pouco. A distância entre nossos rostos é quase inexistente. Posso sentir o perfume suave dela. Canela e flor de laranjeira.

O mesmo de antes.

Filha da mãe.

Ela usa o mesmo perfume de quando me deixou.

— Se você continuar me desafiando — murmuro, com os olhos cravados nos dela — vai acabar implorando por mim.

Ela se mantém firme. Por fora.

Mas o pescoço entrega. Um leve arrepio. A pele erguida como quem foi tocada por eletricidade.

E então, sem aviso, ela se afasta.

Volta para o canto da limusine, como se a distância pudesse protegê-la.

— Você gosta disso, não é?

— Gosto do controle — admito.

— E se perder?

— Eu nunca perco.

A limusine desacelera. As luzes do evento refletem nas janelas. Os flashes já estão ali fora. Uma multidão nos espera.

Ela ajeita o vestido com calma. Cruza as pernas com delicadeza. Respira fundo.

E então diz, sem me olhar:

— Vamos ver quem sobrevive primeiro, Dorian. O seu controle ou a minha resistência.

A porta se abre.

Ela estende a mão para mim.

E eu sorrio.

Porque esse jogo… está só começando.

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