DORIAN
Ela está ali. Firme. Imóvel. Tão perto que posso ouvir a respiração dela mudar conforme me aproximo. Os olhos fixos nos meus, sem recuar. Nem um milímetro. Como se me desafiasse a ser tudo o que sempre neguei.
E eu sou.
Não penso. Não calculo. Pela primeira vez em muito tempo, não traço estratégia. Não avalio riscos. Apenas me movo.
Em dois passos, estou diante dela. Um espaço milimétrico entre nós. O suficiente para sentir o calor da pele, o cheiro leve do perfume que ela escolheu usar — aquele que eu nunca mencionei, mas que sei que ela percebe quando mexe comigo.
Minha mão vai até sua nuca. Os dedos deslizam por entre os fios soltos com firmeza. Ela não se move. Nem pisca. Só respira. Mais rápido. Mais fundo. Como se soubesse exatamente o que está prestes a acontecer.
E então eu a puxo.
Sem cerimônia. Sem ensaio. Sem nenhuma das defesas que levei anos construindo.
A boca dela encontra a minha com uma mistura de surpresa e raiva. Um som curto escapa de sua garganta. Um protes