LARA
Cat dirige com tranquilidade. Os óculos escuros escondem metade das emoções, mas sei que ela está prestando atenção em tudo. No meu silêncio. No jeito como os dedos apertam o tecido da calça no colo. No modo como meus olhos não conseguem parar em lugar nenhum.
— Sabe qual foi o principal motivo de eu não querer estar lá hoje? — eu pergunto.
Cat pisca uma vez, mas não vira o rosto. Ela está ouvindo.
— Porque eu... tenho medo, mas não é dele.
A palavra sai crua, mas verdadeira.
— Medo de quê? — ela pergunta, com aquela calma que parece costurar minhas palavras enquanto elas ainda estão no ar.
Demoro um segundo. Talvez mais.
— Medo de antagonizá-lo. De me colocar contra ele. — Suspiro. — E, de repente, a minha mãe ficar contra mim.
Ela aperta o volante com uma das mãos e desvia os olhos brevemente para mim, antes de voltar à estrada.
— Você acha mesmo que ela faria isso?
— Não sei. E é esse o problema. Ontem ela ficou furiosa. Eu não sei mais quem ela é quando ele está perto.
— Uma