DORIAN
Lara desce do carro com a leveza forçada de quem aprendeu a sorrir quando está prestes a cair.
Vejo da sacada do segundo andar, onde finjo estar apenas observando o jardim. Ela ergue os olhos por um instante, nos encontra — a mim e ao nosso lar — e faz aquele gesto automático de ajeitar o cabelo como se isso fosse o suficiente para arrumar também o mundo ao redor.
Mas eu a conheço.
A verdade está nos ombros: ainda tensionados, mesmo na volta de uma massagem terapêutica. Nos passos: ainda cautelosos. No jeito como ela beija Cat na bochecha antes de entrar: como quem agradece silenciosamente.
Quando passa pela porta, me encontra.
— Oi — diz, com um sorriso pequeno.
— Oi, amor — respondo, descendo os degraus. Nos encontramos no meio. Ela me beija nos lábios com delicadeza, um toque quase ausente, mas que me fala mais do que mil palavras.
— Vou falar com a minha mãe — avisa.
Eu apenas assinto. Sei que, se eu tentar interferir agora, vou atrapalhar mais do que ajudar.
Ela sobe. Os p