O salão está cheio, mas tudo parece girar ao meu redor em câmera lenta.
Mantenho o sorriso treinado, a pose impecável, os olhos atentos aos detalhes que ninguém mais nota. O cristal da taça nas minhas mãos, o som abafado dos saltos no mármore, o leve toque dos dedos de Dorian na minha cintura. Ele permanece colado a mim, como se cada segundo ao meu lado fosse uma performance meticulosamente ensaiada.
E talvez seja. Estamos fingindo, afinal. Mas há momentos — pequenos demais para admitir em voz alta — em que me pergunto se ele também sente a mesma faísca absurda cada vez que nossos corpos se tocam.
A música ambiente é elegante e discreta. Os risos das socialites ecoam pelos cantos, os flashes capturam sorrisos que não duram mais que um segundo. Dorian sorri para um investidor à nossa frente, comenta algo sobre os lucros da última fusão, e eu dou um gole no meu champanhe. A bebida é cara, mas escorrega pela garganta como gelo.
Estou prestes a relaxar. Um segundo de descuido. Um quase sus