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Capítulo 2 – A Cor do Dia

O sol de domingo filtrava-se pelas cortinas finas do quarto de Louise, pintando o chão com manchas douradas.

Ela acordou devagar, sentindo o corpo ainda preso à maciez dos lençóis.

O despertador não havia tocado, e isso já era um bom sinal — finalmente um dia sem horários, sem provas, sem a rotina da faculdade que a fazia correr de um lado para o outro.

Do lado da cama, uma pilha de livros se equilibrava como um pequeno monumento de desordem.

Entre eles, o caderno onde escrevia pensamentos soltos, fragmentos de sonhos, e às vezes, ideias que nem ela sabia de onde vinham.

Louise gostava de observar o mundo.

Gostava de imaginar o que se passava na cabeça das pessoas — por que alguém olhava para o chão ao sorrir, ou por que outro ria alto demais, como se precisasse convencer o próprio coração de que estava tudo bem.

Talvez por isso tivesse escolhido psicologia.

Queria entender as pessoas.

Mas, mais do que isso, queria entender a si mesma.

A mãe, Dona Rita, já estava na cozinha, o cheiro de café e pão quente se espalhando pela casa.

— Louise, você vai dormir o dia inteiro? — a voz veio leve, com aquele tom que misturava bronca e carinho.

— Tô indo, mãe. — respondeu sonolenta, prendendo os cabelos cacheados num coque bagunçado.

Na cozinha, o rádio tocava uma música antiga de Djavan.

Louise se sentou à mesa e, entre um gole e outro de café, olhou pela janela.

O bairro era simples, mas cheio de vida: crianças correndo, vizinhos conversando, o vendedor de frutas empurrando o carrinho.

Tudo parecia igual — e, ao mesmo tempo, algo nela sentia que nada mais estava no mesmo lugar.

Talvez fosse apenas cansaço.

Ou talvez fosse aquele sonho estranho da noite passada.

Lembrava-se de quase nada, só de um olhar — um olhar cor de mel, profundo, como se a observasse através do tempo.

Ela riu de si mesma.

— Já tô ficando doida.

Pegou o celular e abriu as redes sociais.

Nada de novo, apenas o mundo girando em sua própria pressa.

Até que um anúncio apareceu no topo da tela:

“Descubra o seu par perfeito com a nova tecnologia da SoulSync. Amor não é acaso — é algoritmo.”

Louise arqueou as sobrancelhas.

— Até o amor virou aplicativo agora... —

Ela quase passou o anúncio sem pensar, mas algo naquele nome — SoulSync — ficou rodando em sua cabeça como uma canção que não queria ir embora.

Curiosa, clicou.

A tela brilhou, revelando um design limpo, quase hipnótico. “Conectamos almas compatíveis através de IA emocional”, dizia o texto.

Louise franziu o cenho.

— IA emocional... é cada coisa que inventam — murmurou, mas continuou lendo, intrigada.

As instruções eram simples: preencher um breve questionário, gravar um pequeno áudio com uma frase espontânea, e deixar o algoritmo fazer o resto.

Ela riu.

— Tá, e o próximo passo é casar com um robô, né? — falou sozinha, enquanto o pão esfarelava entre seus dedos.

Mesmo assim, algo dentro dela sussurrou: E se...?

Talvez fosse apenas curiosidade, ou talvez aquela sensação de que algo em sua vida estava prestes a mudar.

Louise terminou o café, lavou a caneca e ficou olhando o reflexo da luz batendo no vidro da janela.

O dia estava claro, mas havia uma melancolia bonita no ar — como se o tempo esperasse que ela fizesse alguma escolha.

Sem pensar muito, abriu novamente o site.

“Nome: Louise Carvalho. Idade: 21. Curso: Psicologia.”

As perguntas seguintes pediam coisas estranhas:

“Como você enxerga o amor?”

“Que cor tem a sua tristeza?”

“O que faz o seu coração acelerar?”

Ela respondeu de forma sincera, sem se preocupar em parecer racional.

Quando terminou, gravou o áudio pedido. Sua voz saiu calma, um pouco rouca:

— O amor, pra mim, é o intervalo entre o medo e o recomeço.

A tela piscou.

“Processando compatibilidade... Aguarde.”

Por um instante, ela quase se arrependeu.

Mas o coração — teimoso — batia rápido demais pra que ela cancelasse.

O resultado surgiu com um som suave, como o toque de uma harpa digital:

“Par emocional identificado: usuário #712M – compatibilidade 98%.”

Louise sentiu o estômago gelar.

Abaixo do código, uma única frase piscava:

“Você já o viu antes.”

Ela arregalou os olhos.

Como assim, já o viu?

Um calafrio percorreu sua pele, e o rosto que surgiu em sua memória era o mesmo do sonho da noite anterior — o olhar cor de mel que parecia atravessá-la.

Louise fechou o laptop de repente, o coração disparado.

Tentou rir, achando tudo uma coincidência absurda.

Mas, lá no fundo, algo lhe dizia que aquele domingo dourado tinha a cor exata de um começo — ou de um aviso.

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