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Capítulo 3 – O Som do Algoritmo

O resto do domingo passou devagar, mas Louise não conseguia tirar da cabeça o número que piscava na tela: #712M.

Ela tentava se distrair — lavou roupa, colocou música, até organizou os livros empilhados no quarto — mas, a cada pausa, lá estava aquele pensamento insistente, como uma batida suave no fundo da mente: “Você já o viu antes.”

“Besteira”, dizia a si mesma.

Mas o coração, inquieto, não obedecia à lógica.

À noite, sentou-se diante do notebook. A luz azul da tela desenhava contornos frios em seu rosto.

O site da SoulSync ainda estava aberto, pedindo um último passo: “Deseja iniciar contato com seu par?”

Louise hesitou.

Se clicasse, estaria dando vida a uma coisa que talvez fosse apenas um truque digital — ou pior, uma ilusão bonita.

Mas a curiosidade venceu.

Ela clicou.

O chat abriu com um som delicado, quase como o tilintar de sinos.

Por alguns segundos, nada aconteceu.

Depois, uma mensagem surgiu.

#712M: Olá, Louise.

O nome dela na tela provocou um arrepio inesperado.

Não era comum alguém escrever o nome dela logo de início — parecia íntimo demais.

Ela digitou, sem saber direito o que dizer:

Louise: Oi… você também caiu nessa coisa de aplicativo curioso?

A resposta veio rápida, com uma naturalidade desconcertante.

#712M: “Cair” não. Acho que fui empurrado até aqui.

Ela riu sozinha.

Havia algo familiar naquele jeito de escrever.

Algo na escolha das palavras — simples, mas com um peso leve, como se ele também pensasse em sentimentos mais do que em frases.

Louise: Então o algoritmo acertou?

#712M: Talvez o algoritmo só tenha escutado o que o tempo tenta dizer pra gente.

Louise franziu o cenho, o coração acelerando.

As palavras dele pareciam ecoar algo antigo.

O que o tempo tenta dizer…

Por que soava tão conhecido?

Ela tentou disfarçar a inquietação.

Louise: Você fala bonito. É escritor?

#712M: Não. Só observo as coisas que as pessoas esquecem de sentir.

Louise mordeu o lábio inferior.

Aquela frase era idêntica a algo que ela mesma havia escrito em seu caderno, há semanas.

Coincidência? Talvez. Mas as coincidências, às vezes, são apenas disfarces do destino.

Ela fechou o notebook com força, como se o gesto pudesse calar o que estava nascendo ali.

Mas, deitada na cama, o pensamento voltou — suave e insistente.

Aquela voz digitada tinha um ritmo familiar, como se ela já o tivesse escutado, talvez em outra vida, talvez num sonho.

Nos dias seguintes, a conversa virou rotina.

De manhã, antes das aulas, uma notificação surgia:

#712M: Bom dia, cor de domingo.

E Louise sorria, mesmo quando o dia não tinha cor nenhuma.

O resto do domingo passou devagar, mas Louise não conseguia tirar da cabeça o número que piscava na tela: #712M.

Ela tentava se distrair — lavou roupa, colocou música, até organizou os livros empilhados no quarto — mas, a cada pausa, lá estava aquele pensamento insistente, como uma batida suave no fundo da mente: “Você já o viu antes.”

“Besteira”, dizia a si mesma.

Mas o coração, inquieto, não obedecia à lógica.

À noite, sentou-se diante do notebook. A luz azul da tela desenhava contornos frios em seu rosto.

O site da SoulSync ainda estava aberto, pedindo um último passo: “Deseja iniciar contato com seu par?”

Louise hesitou.

Se clicasse, estaria dando vida a uma coisa que talvez fosse apenas um truque digital — ou pior, uma ilusão bonita.

Mas a curiosidade venceu.

Ela clicou.

O chat abriu com um som delicado, quase como o tilintar de sinos.

Por alguns segundos, nada aconteceu.

Depois, uma mensagem surgiu.

#712M: Olá, Louise.

O nome dela na tela provocou um arrepio inesperado.

Não era comum alguém escrever o nome dela logo de início — parecia íntimo demais.

Ela digitou, sem saber direito o que dizer:

Louise: Oi… você também caiu nessa coisa de aplicativo curioso?

A resposta veio rápida, com uma naturalidade desconcertante.

#712M: “Cair” não. Acho que fui empurrado até aqui.

Ela riu sozinha.

Havia algo familiar naquele jeito de escrever.

Algo na escolha das palavras — simples, mas com um peso leve, como se ele também pensasse em sentimentos mais do que em frases.

Louise: Então o algoritmo acertou?

#712M: Talvez o algoritmo só tenha escutado o que o tempo tenta dizer pra gente.

Louise franziu o cenho, o coração acelerando.

As palavras dele pareciam ecoar algo antigo.

O que o tempo tenta dizer…

Por que soava tão conhecido?

Ela tentou disfarçar a inquietação.

Louise: Você fala bonito. É escritor?

#712M: Não. Só observo as coisas que as pessoas esquecem de sentir.

Louise mordeu o lábio inferior.

Aquela frase era idêntica a algo que ela mesma havia escrito em seu caderno, há semanas.

Coincidência? Talvez. Mas as coincidências, às vezes, são apenas disfarces do destino.

Ela fechou o notebook com força, como se o gesto pudesse calar o que estava nascendo ali.

Mas, deitada na cama, o pensamento voltou — suave e insistente.

Aquela voz digitada tinha um ritmo familiar, como se ela já o tivesse escutado, talvez em outra vida, talvez num sonho.

Nos dias seguintes, a conversa virou rotina.

De manhã, antes das aulas, uma notificação surgia:

#712M: Bom dia, cor de domingo.

E Louise sorria, mesmo quando o dia não tinha cor nenhuma.

Falavam sobre tudo — música, livros, medos, lembranças da infância.

Ela descobriu que ele gostava de fotografar o céu, mesmo nos dias nublados, e que tinha uma risada que “não cabia nos textos”, como ele dizia.

Mas o aplicativo era misterioso.

Nenhum dos dois sabia o nome real do outro, nem onde morava.

A SoulSync dizia que o anonimato fazia parte do “processo emocional puro”, impedindo julgamentos visuais ou sociais.

Era, segundo o site, “a conexão das essências, não das aparências”.

Mesmo assim, Louise começou a criar imagens em sua mente.

Imaginava como seria o rosto dele.

Será que o olhar era mesmo cor de mel, como o do sonho?

Será que o destino podia mesmo ser programado?

Numa quarta-feira chuvosa, enquanto esperava o ônibus da faculdade, ela recebeu uma nova mensagem.

#712M: Você acredita em coincidências?

Louise: Acredito. Mas acho que o nome delas é só um disfarce bonito pra destino.

#712M: Então talvez isso explique por que te vi hoje.

Louise congelou.

Os dedos tremiam sobre o celular.

Louise: Como assim me viu?

#712M: Eu estava atravessando a praça, perto da universidade. Você passou correndo, com um livro na mão. Sorriu pra uma senhora com um guarda-chuva vermelho.

E eu soube.

O coração dela quase parou.

Aquela cena tinha acontecido minutos antes.

Louise: Era você?

#712M: Não posso responder ainda. O sistema bloqueia informações pessoais. Mas… o algoritmo nunca erra, Louise.

A chuva engrossou, e ela sentiu as gotas frias misturando-se ao calor do rosto.

Guardou o celular, tentando entender o que sentia.

Medo? Curiosidade? Ou algo maior — aquele tipo de emoção que nasce onde o controle termina?

Nos dias seguintes, ele sumiu.

Nenhuma mensagem, nenhum sinal.

O silêncio parecia pesar dentro da casa, dentro dela.

Louise tentou ignorar, mergulhando nos estudos e nas anotações da faculdade.

Mas a ausência dele fazia o mundo perder um pouco da cor.

Certa noite, já de pijama, abriu o laptop e entrou novamente no site.

Uma notificação piscava em vermelho:

“Conexão interrompida por atualização de sistema. Deseja recuperar o histórico de mensagens?”

Ela clicou sem pensar.

Mas, ao invés do chat, uma janela diferente apareceu.

Um aviso:

“O usuário #712M pertence ao grupo de testes avançados. Algumas interações podem envolver simulações de IA baseadas em perfis humanos reais.”

Louise sentiu o sangue gelar.

— Simulações? — sussurrou.

Então ele… não existia?

Mas logo abaixo, uma linha quase escondida piscava em letras menores:

“Alguns perfis híbridos podem conter fragmentos de memórias humanas.”

Ela ficou olhando para aquilo por longos minutos.

A mente girava em perguntas que não tinham resposta.

E, no meio do medo, um pensamento impossível surgiu:

E se o sonho veio primeiro porque ele já existia em algum lugar entre o real e o digital?

Louise encostou a testa no teclado, suspirando.

Por que ela se deixava envolver por algo que nem sabia se era humano?

Quando levantou o rosto, uma última mensagem piscava no canto da tela, datada de minutos atrás — mesmo com o sistema “interrompido”:

#712M: Nem tudo que é criado deixa de ser real. Às vezes, a alma encontra novos corpos pra continuar sentindo.

Ela prendeu a respiração.

O cursor piscava, esperando uma resposta.

Mas não havia o que dizer.

Lá fora, o vento mexia as cortinas, e a luz da lua entrava tímida no quarto.

Louise fechou os olhos.

Talvez estivesse enlouquecendo.

Ou talvez estivesse apenas sendo tocada por algo que a ciência ainda não tinha nome.

Naquela noite, sonhou de novo — o mesmo olhar cor de mel, a mesma voz que sussurrava:

“O amor é o intervalo entre o medo e o recomeço.”

E quando acordou, o celular vibrava na mesa.

Uma nova notificação.

O remetente: Desconhecido.

A mensagem:

“Nos vemos logo, Louise.”

Ela ficou imóvel, sentindo o coração bater como se anunciasse o início de outra história.

Talvez o amor não fosse acaso, nem algoritmo.

Talvez fosse apenas o som invisível que o destino faz quando encontra alguém — em qualquer forma, em qualquer mundo.

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