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CEO: O par perfeito
CEO: O par perfeito
Por: LadyCarvalho
Capítulo 1 – O Experimento

A madrugada sempre foi o momento preferido de Nicholas.

Não pelo silêncio, mas pela ausência de interferências. Era a única hora em que o mundo parecia não exigir nada dele — nem respostas, nem controle, nem perfeição.

O vidro panorâmico de seu escritório refletia o céu de São Paulo como um espelho noturno. As luzes da cidade piscavam lá embaixo, distantes, pequenas demais para alguém como ele, acostumado a observar o mundo de cima. O escritório, minimalista e frio, era quase uma extensão de sua mente: impecável, organizado, mas solitário.

Na mesa, o monitor exibia a tela inicial do Projeto SoulSync, a IA mais ambiciosa que ele já criara — e, ironicamente, a mais pessoal. Um algoritmo capaz de cruzar dados emocionais, padrões mentais e traços comportamentais para encontrar o par perfeito de qualquer pessoa.

Nicholas costumava dizer que o amor era apenas uma equação biológica, previsível, codificável.

Mas, por dentro, ele nunca acreditou realmente nisso.

Ainda assim, era o tipo de mentira em que se apoiava para continuar.

— Iniciar simulação — murmurou, a voz baixa e rouca, enquanto o sistema respondia com um leve brilho azulado.

O nome NICHOLAS VALLIANT apareceu no topo da tela, seguido de uma sequência de códigos pulsando como um coração digital.

Ele hesitou. Era apenas um teste. Nada além de dados.

Ou pelo menos, era o que dizia a si mesmo.

Minutos se passaram. Linhas de código correram pela tela como rios luminosos até que o sistema finalmente parou.

E então, uma única linha se formou, simples e precisa:

PAR PERFEITO IDENTIFICADO: LOUISE DUARTE

Nicholas franziu o cenho.

Louise… quem era ela?

Abriu o perfil.

Foto simples. Um rosto jovem, traços delicados e firmes ao mesmo tempo.

Pele negra, olhos profundos, cheios de vida — e um sorriso quase tímido, mas verdadeiro.

Cabelos cacheados, presos de um jeito descuidado, como quem não se preocupa em parecer perfeita.

Apenas vinte anos.

Estudante de psicologia.

Morava em uma cidade pequena no interior.

Nada nela combinava com o mundo dele — e talvez fosse exatamente isso que o prendeu por alguns segundos.

Nicholas afastou a cadeira, como se precisasse se defender daquela imagem.

— Impossível. — Ele riu, um riso breve, sem graça. — A IA está falhando.

Mas o monitor continuava ali, firme, frio, inabalável.

E o nome dela permanecia aceso.

LOUISE DUARTE

Par perfeito: 99,8% de compatibilidade emocional.

Nicholas passou a mão pela barba, tentando afastar o incômodo que o tomava por dentro.

Não era sobre números. Era sobre o que ele sentiu — um impulso, uma curiosidade que não fazia sentido algum.

Ele já tinha testado a IA em centenas de pessoas, e nunca, jamais, havia sentido algo.

Abriu o histórico de dados. Leu cada linha de informação como quem tenta desmontar um enigma.

Mas quanto mais lia, mais confuso ficava.

Os traços psicológicos batiam com os dele em um nível quase impossível.

Empatia, padrões emocionais, sincronia comportamental. Tudo.

Por um instante, ele se perguntou se alguém poderia ter manipulado o código.

Mas Nicholas não era um homem facilmente enganado.

E ninguém, absolutamente ninguém, tinha acesso àquela versão da IA além dele.

Olhou novamente para a imagem dela.

Louise parecia… real demais.

Não uma estatística, nem um resultado.

Havia algo no olhar dela — um brilho inocente, mas firme, como quem enxerga o mundo com esperança.

E esperança era tudo o que ele já havia perdido.

Nicholas se recostou na cadeira, o coração acelerando de um jeito que ele não lembrava de sentir.

A racionalidade gritava para que ele encerrasse o programa, deletasse o nome dela, esquecesse aquela noite.

Mas algo dentro dele — uma voz que ele não reconhecia — sussurrou que não era coincidência.

Talvez, por uma vez, a máquina estivesse certa.

Do lado de fora, a chuva começou a cair fina, quase silenciosa.

O som preenchia o vazio do escritório, como uma trilha suave para o caos interno que começava a nascer.

Nicholas fechou os olhos e respirou fundo.

Ele era um homem de lógica, de razão, de controle absoluto.

Mas ao abrir os olhos novamente, o nome ainda estava lá, brilhando na tela, firme, inevitável.

LOUISE DUARTE.

E foi assim, sem perceber, que o homem que não acreditava no amor começou a ser reescrito.

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